quinta-feira, 28 de abril de 2011

Durante o Período Republicano...

             Muita coisa aconteceu em relação à música do Brasil no Período Republicano. Veja a seguir uma retrospectiva da época!

1889– (proclamação da República pelo marechal alagoano Manuel Deodoro da Fonseca, em 15 de novembro, no Rio de Janeiro) Antecedendo o surgimento das orquestras, é  a época do apogeu das bandas e fanfarras da República Velha como a Banda do Corpo Policial da Província do Rio de Janeiro, a Banda do Corpo de Marinheiros, a Banda da Guarda Nacional, a Banda do Batalhão Municipal, a popular e sempre simpática Banda do Corpo de Bombeiros (dirigida por Anacleto de Medeiros [1866-1907]) e a Banda do Batalhão Municipal.

1890 – (chega o anarquismo trazido por italianos) Surge o frevo em Recife, Pernambuco. Um dos mais importantes gêneros musicais e danças do país. O frevo nasce da polca-marcha e tem sua linha determinada pelo capitão José Lourenço da Silva (Zuzinha), maestro ensaiador das bandas da brigada militar de Pernambuco. Como dança de multidão, o ritmo é frenético e contagiante, de coreografia individual improvisada e inspirada na capoeira, apoiada no uso de sombrinhas e guarda-chuvas. Detalhe: no Rio de Janeiro, a população atingia a marca de 522.651 habitantes.

1899 – (época da destruição de Canudos, de Antônio Conselheiro, na Bahia) No Rio de Janeiro, por solicitação dos crioulos integrantes do cordão Rosas de Ouro, a pioneira compositora carioca de classe média Chiquinha Gonzaga (1847-1935) – a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil (em 1885) –, compõe a primeira marcha carnavalesca da história da música brasileira chamada "Ô Abre Alas", um enorme sucesso e de grande influência na consolidação das bases iniciais da música popular brasileira.

1900 – (era da "política dos governadores") O Brasil republicano continua recebendo a primeira grande e importante leva de imigrantes europeus e asiáticos como italianos, alemães, japoneses, libaneses, aumentando a miscigenação e a influência musical desses povos em sua música.

1902– (café-com-leite: paulistas e mineiros se alternam no poder) Acontece a primeira gravação para um disco brasileiro, com o famoso tema lundu intitulado "Isto É Bom", escrito pelo músico baiano Xisto Bahia (1841-1894) e cantado por Baiano (Manuel Pedro dos Santos, 1870-1944), para a gravadora Casa Edison.  

1910-11 – ("revolta dos marinheiros", no Rio de Janeiro) Respectivamente, são construídos os dois dos mais importantes teatros no Brasil – o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e o Teatro Municipal de São Paulo.



1913 – (violentos conflitos na divisa de Santa Catarina e Paraná) Em São Paulo, registra-se uma modalidade de samba tipicamente paulista –  herdeiro do batuque – chamado Samba-de-Pirapora, ou Samba-de-Campineiro, principalmente em quatro importantes centros urbanos da capital como na Barra Funda, Bela Vista (no Bexiga) – nas festas de Nossa Senhora de Achiropita, no dia 15 de agosto, na Rua 13 de Maio –,  na baixada do Glicério e Bosque da Saúde. A cidade de Pirapora foi o mais importante centro de encontro e difusão do samba paulista – nas festas de Bom Jesus, no mês de agosto –, também conhecido como samba-de-bumbo, onde reuniam-se numerosos músicos predominantemente negros vindos de Campinas, Barueri, Tietê e cidades vizinhas. Diferente do Rio, em São Paulo, não se usava o samba para os desfiles de carnaval dos cordões e ranchos, mas sim as marchas-ranchos e o choro. Os paulistas somente aderem ao samba, no carnaval, no fim dos anos 20.


1914– (Primeira Guerra Mundial) Em São Paulo, no dia 12 de março ,é fundado o Grupo Carnavalesco Barra Funda, precursor da Escola de Samba Camisa Verde e Branco, que também ia regularmente aos encontros e festejos de Pirapora, no interior do estado. O pioneiro grupo paulista tinha apenas doze integrantes vestidos de camisas verdes, calças brancas e chapéus de palha – tocavam um pandeiro e chocalhos de madeira com tampinhas de garrafas de cerveja.  (Início de uma época de revoltas brasileiras) Durante a Primeira Grande Guerra, e pela primeira vez em sua história, a música brasileira chama a atenção da Europa com o estilo embrionário e provocativo do samba – o maxixe –, que se torna um dos maiores sucessos de dança no velho continente até 1922.






Embora tenha surgido desde meados do século passado, é somente neste ano (1914) que as chamadas canções sertanejas se popularizam entre as classes média e alta, a partir da toada "Cabocla di Caxanga", de João Pernambuco (1883-1947) e Catulo da Paixão Cearense (1886-1946), dois dos maiores nomes na história do gênero. A partir de 1920, o termo é designado por compositores profissionais urbanos para identificar as estilizações de ritmos rurais que abrangiam modas, toadas, cateretês, chulas, batuques e emboladas. De acordo com os primeiros estudiosos do estilo, música sertaneja poderia também compreender o xaxado, o baião e toda manifestação musical das regiões Norte-Nordeste, produzida no sertão e longe da cultura das grandes cidades. O gênero ficaria fortemente associado ao estilo caipira das modas de viola. Dos pioneiros da música sertaneja de raiz, ou música caipira, destacam-se  Tonico e Tinoco, Cascatinha & Inhana ("Índia"), Inezita Barroso, Pena Branca e Xavantinho, Alvarenga e Ranchinho, Matogrosso e Matias, Irmãs Galvão, os comediantes Jararaca e Ratinho, Cornélio Pires, Ariovaldo Pires, Raul Torres, Teixeirinha ("Churrasquinho de Mãe") e outros.

1917 – (época áurea dos Coronéis do Sertão) Considerado o nascimento oficial do samba, agravação de "Pelo Telefone", de Donga (1889-1974) e Mauro de Almeida (1882-1956), na voz de Bahiano, alcançou enorme sucesso nacional e estabeleceu novos padrões para as canções de carnaval. Este típico samba carioca, que mistura maxixe com frases rítmicas do folclore baiano, mais tarde espalha-se pelo Brasil e domina o carnaval. Nessa fase, os principais compositores são Sinhô (1888-1930), Ismael Silva (1905-1978) e Heitor dos Prazeres (1898-1966). A partir da década de 20, surgem vários e diferentes tipos de samba.















1920 – No Rio de Janeiro, quase no final da década, surgem as primeiras escolas de samba, que já haviam sido esboçadas desde o surgimento dos entrudos, dos ranchos carnavalescos e dos cordões fantasiados. A primeira escola de samba – a Deixa Falar – surgiu no Largo do Estácio, no antigo Rio. Surgem também os primeiros moradores das favelas cariocas e do assim chamado 'samba do morro'.


 Popularizam-se no Rio, e em São Paulo, o gramofone, as vitrolas, as orquestras de cinema mudo, posteriormente o próprio cinema falado e – principalmente – as primeiras gafieiras que tocavam sambas, maxixes, marchas, jazz e valsas. Logo surgiriam as jazz-bands brasileiras como a Orquestra Pan-Americana, American Jazz-Band, de Silvio de Sousa, Jazz-Band Sul-Americana, de Romeu Silva e outras mais. Tudo isso impulsiona em muito a divulgação da música brasileira.